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LIVRO VIRTUAL

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Poder e Política, Soberania e Cidadania

PODER E POLÍTICA
SOBERANIA E CIDADANIA
                                                       na opinião do Prof. Peralta

Em Conferência, na Casa de Portugal de São Paulo, no dia 28 de maio, o Prof. Dr. J. Jorge Peralta declarou que o Governo do PS, em Portugal, precisa ouvir e atender o povo e cultivar a auto-confiança da nação, respeitando as forças matriciais que a sustentam. Precisa fazer Política, com P maiúsculo.
        Aqui apresentamos um resumo de um dos sub-tópicos desenvolvidos pelo Professor...
        No mundo moderno, as pessoas precisam conviver com a diversidade. A pluralidade é a grande marca do nosso tempo. Todos estamos sempre aprendendo.
         É exigência de liberdade responsável e da justiça. Quem se acomoda incomoda.
         Fazer Política também é promover a esperança, com dignidade e responsabilidade; é levar prosperidade e bem estar; é promover a cooperação entre todos.
         Não se concebe um regime, dito democrático, considerar o seu opositor como seu inimigo. A oposição responsável e sadia é necessária, numa real democracia. Deve ser respeitada e ouvida.
         Assim sendo, não se concebe, no Governo do PS, chamado Socialismo Democrático, a repulsa aos portugueses, que depois de 35 anos do 25 de abril, mantêm viva a sua veneração por Salazar. Outros pensam diferente. É o direito de cada um.
         Liberdade de opinião é para todos ou é só para alguns? Alguém optou  pelo pensamento único?
         Este é apenas um aspecto do posicionamento do Governo, mas o conferencista considerou-o essencial. No entanto, na Conferência, este também foi apenas um sub-tópico das idéias abordadas.
         Se a Democracia é o Governo do Povo, pelo Povo e para o Povo, quem está no poder tem todo o direito que ter as opiniões que quiser, mas não pode repelir as manifestações livres da opinião do povo, como se uns poucos fossem  os “donos” da “verdade”. O povo precisa se manifestar “sem censura”.
        O Governo Democrático precisa saber respeitar as opiniões contrárias às suas. Eventuais desmandos precisam ser  apontados e eventualmente contestados.Ou então declare-se implantada  a “tirania”(?!)
        Mas este é um Governo “Democrático”. Não têm o direito de satanizar ninguém. Seria atitude repressora insustentável. Estaria na contramão da história.
         A Tirania, decididamente, não sabe conviver com a Democracia.
         Então é preciso coerência, sem atitudes dúbias. É preciso transparência.
         Dizia o Grande intelectual, Antero de Quental, fundador do primeiro Partido Socialista em Portugal, em 1870:
                         “Revolução não quer dizer guerra, mas sim, paz;
                          não quer dizer licença, mas sim ordem”
          O Governo atual, do PS português, parece que ainda não conseguiu implantar o Socialismo Democrático que prometeu ao povo.
         O PS precisa saber implantar a alternativa democrática que o povo escolheu. Precisa ouvir e atender à vontade do povo que o elegeu. Só o povo é soberano.
         O povo certamente não está com saudade do regime precedente, cuja época já passou, mas não aceita o desrespeito a um homem, para ele, imortal.
         O que quer é que o atual Governo tenha mais responsabilidade e severidade, no trato do patrimônio público; que garanta uma educação melhor para todos; que garanta a prosperidade da nação; que estimule os empreendedores da nação, na indústria, no comércio e na agricultura, na ciência e na tecnologia; que coíba os abusos e a corrupção.
         O Governo tem obrigação de cultivar a auto-confiança e a auto-estima do povo. Os desmandos e inconsistências deste governo fazem o povo ter saudade do regime precedente. Isto é absolutamente  normal e legítimo.
         Em vez de cultivar um insustentável complexo de culpa, o governo precisa saber elevar a moral da nação, recuperando nele a confiança em seus altos destinos.
         Um governo que se posiciona à margem da nação não se sustenta. Perde a legitimidade.
         Com uma educação sucateada, tudo vai ruindo...
         O primeiro baluarte que desmorona é a auto-estima. Levar o povo e a juventude a perder a auto-estima, é crime de lesa-pátria.
         O Professor Peralta proferiu a Conferência a convite da nova Direção do Partido Socialista de São Paulo, dentro de um programa de Formação de Quadros de Lideranças Políticas. O Conferencista é professor da Universidade de São Paulo (já aposentado).
         Desenvolveu o tema: Política e Cidadania – Fazer Política, no Mundo Luso-Brasileiro.
         Insistiu que a Política séria é uma ação essencial nas sociedades democráticas.
         Nossos jovens precisam saber que a militância política não é  atividade para corruptos, como muitos pensam; é atividade digna para pessoas  dignas que amam seu país, seu povo, a quem devem servir com dignidade e competência, em benefício de todos. Os Políticos sérios procuram o bem e não os bens do povo, como dizia o grande Vieira.
         Precisamos formar a juventude para o exercício pleno e responsável da cidadania. Precisamos de uma educação séria do homem integral, concluiu.
       O Professor Peralta falou para uma platéia atenta, interessada e bem informada, que teve participação efetiva nos amplos debates que sucederam a apresentação do tema, do qual aqui demos apenas uma amostragem.
         Em outros momentos poderemos dar destaque a outros tópicos muito interessantes da palestra.
         O texto que serviu de base à palestra está publicado no websítio: Portal da Lusofonia (clique)

           http://www.portaldalusofonia.com.br/poderepolitica.html

O desabrochar da Democracia

O DESABROCHAR DA DEMOCRACIA
Um novo amanhecer?

           1.     Com satisfação, saúdo o momento que atravessa Portugal, pelo amadurecimento democrático, que vai desabrochando em seu seio, vencendo o temor. O preço da liberdade às vezes é assustador...
Finalmente as pessoas começam a poder dizer o que sentem, sem temer perseguições, injúrias ou chacotas de uns poucos..., o que é muito constrangedor, só de pensar.
Ao menos neste grande fórum mundial, que é o PortugalClub, assistimos e participamos de debates abertos, acessíveis a todos. Da direita à esquerda, passando pelo centro, centro-esquerda, centro-direita e independentes, (sem carimbo), todos se manifestam. Todos se encontram, em convivência sadia, e até provocativa. Todos podem discutir, concordar, divergir, em pé de igualdade, com respeito e dignidade, mas sem meias palavras, que o temor sempre impõe...
Até agora havia, e ainda resiste em pequenos grotões urbanos, uma discriminação das pessoas, de modo ofensivo aos mais corriqueiros valores cívicos e éticos. Há por aí disseminada, à direita e à esquerda, mas já em extinção, a opção pelo “pensamento único”, que é, sem dúvida, resquício de um fascismo tardio (?!).
Enfim, começa a ser superada a idéia de que “quem não está comigo” é meu inimigo...(ao menos na teoria) (?!)
A ideologia do rolo compressor não é nada democrática; é apenas uma estratégia de poder, que  privilegia o poder da força e não  a força da justiça, da ética e do bem comum.
Como numa democracia séria, os erros e os acertos que envolvem os interesses da nação, são expostos à luz do dia. Há um longo caminho a percorrer, mas toda a grande viagem exige os primeiros passos.

         2.     Para além de interesses corporativos, é preciso deixar o país livre de amarras,para que possa prosseguir seu destino. É preciso que os eleitos do povo cumpram o seu dever, sem corrupção, sem perseguições e sem achacamentos. Isto não é favor, é obrigação.
A Política precisa voltar a ser a arte do bem público, e não a arte de se apropriar dos bens públicos.
As pessoas não podem achar normal a corrupção na política; não podem tolerar. Quando o povo é tolerante com a corrupção, é porque o país vai muito mal...; está perdendo a sensibilidade e o discernimento; está sendo anestesiado pela propaganda enganosa.
Ética na política é sinal de civilização; o contrário é marca da barbárie. Campanha eleitoral deve ser compromisso real, executável.
A defesa do bem público, precisa deixar de ser uma utopia de palanque, em campanha eleitoral, para depois fazer o contrário do apregoado.
Um caso exemplar está sendo a comemoração dos 120 anos de Salazar.
Massacrado até hoje, desde antes do dia 25 de Abril, 35 anos atrás, Salazar começa a se sentir livre. Está voltando do “exílio” do ostracismo a que o condenaram... Parece que  recuperou seus direitos de cidadania... Não esquecemos que os homens honestos que beneficiam o povo não morrem, ainda quando os novos senhores do poder o “exilam” ou os desmoralizam.
Finalmente as pessoas podem hoje revelar o que sabem sobre os méritos inquestionáveis deste homem, deste português que, como todos os humanos, teve também seus “erros” inevitáveis... (Alguém se habilita a atirar a primeira pedra?).
O País não pode sonegar, às novas gerações, a verdade da história. Precisa transmitir a verdade total, não escamoteada. Agora passamos  ver um outro Salazar sem censura (?!)
Queríamos também poder apreciar o “25 de Abril”, sem censura, sem máscara e sem fantasias, numa “contabilidade” leal, sem manhas nem falcatruas fraudulentas.
Alguns dos textos publicados na imprensa e na Internet são realmente grandes testemunhos de lealdade ao país e à verdade histórica. Mereciam ser publicados em brochura, para que o público tivesse deles notícia. Por que não? O povo tem direito a ver a história do seu país, sem censura e sem viés...
Hoje vemos, nas livrarias do país, uma vasta bibliografia de Salazar, uns contra e outros a favor. Que assim seja. Finalmente a nação pode apreciar, sem viseiras, os dois momentos históricos em confronto: O 25 de Abril e o Governo Salazar... Saber quem é quem. Ver o mérito e o demérito de cada um. Quem paga tem direito a saber a verdade.
A decisão da opinião cabe ao leitor. Ninguém tem direito de sonegar ou de falsear a verdade. Mentir é crime contra a nação.

3.     O pensamento retilíneo é próprio dos brutos. O ser humano lúcido pensa
dialeticamente, num pensamento multiforme e em ritmo ondular, numa  sequência dinâmica de tese, antítese e síntese. Assim é a vida real, numa sucessão se parar.
Efetivamente, Salazar não pode continuar sendo objeto de atitudes obscurantistas, na sua própria terra e nem o 25 de abril... Pelos frutos se conhece a árvore...
O país não pode ser vítima de atitudes fascistas, indignas da nação. Todos têm direito de ser contra ou a favor do que quer que seja, mas com razões aceitáveis, em igualdade de condições, com dignidade, respeito e responsabilidade; sem oportunismos vazios ou balofos... Democracia é isto. Democracia é ver, ouvir, pensar, querer, falar e fazer. Não é um mundo de fantasia.
Devemos  saber mais ouvir do que falar. Diz o P. Antônio Vieira que “Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca”, para sabermos que ouvir é primordial para quem tem por obrigação o falar e o fazer.

          4.     Infelizmente o “25 de Abrilestá sendo desacreditado por muitos dos quelevantaram essa bandeira. A arrogância e a ganância destroem a melhor das intenções e levam a grandes injustiças.
Os poderes se esgotam, sangram na corda bamba, e finalmente caem... É a lei da vida.
Talvez esteja na hora de dar novo passo rumo ao “26 de Abril”. Portugal merece ser um povo efetivamente livre. Esta é a grande lição que nosso povo deu ao mundo.
Se a dialética é implacável, também na política, podemos confiar que do caos nasce a luz, como da tese vem a síntese. Não está longe o “26 de Abril” ou o “25 de maio”. É irreversível (?!).
Ninguém tem direito de pôr rédeas, algemas ou viseiras no povo. Ele não merece. Se o povo optou por democracia, que esta seja para valer.  Que seja  a favor da nação e não dos  eventuais “donos” do poder.
Está a hora de juntar novamente os cacos, para fazer um belo mosaico. É claro o desejo de que o país construa uma nova  síntese, num país mais nosso, com nossas cores...
O que o governo deve ao povo é uma educação de qualidade e dignidade de atuação, de todos os cidadãos, respeitando os direitos da nação, que estão sendo esquecidos e até negados por muitos. É preciso implantar a estratégia da competência  responsável, com a ética da transparência.

José Jorge Peralta
Nota: Este texto foi postado no websítioPortugalclub” no dia 05 de maio de 2009.

Fazer política no mundo português e luso-brasileiro

POLÍTICA E CIDADANIA

FAZER POLÍTICA NO MUNDO PORTUGUÊS E
LUSO-BRASILEIRO


Conhece-te e ti mesmo
e dominarás o universo
(Sócrates, filósofo grego)
=ROTEIRO=
PROGRAMA: FORMAÇÃO DE QUADROS DE LIDERANÇAS POLÍTICAS
 1ª PARTE
DEMOCRACIA, ESPAÇO DE LIBERDADE
I
UM ESPAÇO DE DEBATE REVITALIZANTE
1.                  Apresentação e perspectivas
2.                  Abertura de um espaço de diálogo institucional
3.                  Onde estamos?
4.                  São Paulo - Portal dos Bandeirantes
5.                  Consciência Política
II
DIÁLOGO EM CONSTRUÇÃO

1.                  Ver e ouvir o povo
2.                  Perspectivas da palestra
3.                  O intelectual e o político

                                                          
 2ª PARTE
ALICERCES DA CIDADANIA

III
FORMAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
 FORMAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA
1.                  Cidadania Participativa
2.                  Política com ou contra a nação
3.                  Bases da democracia
4.                  A educação é a coluna mestra da democracia
IV
A PÁTRIA COMO BEM MAIOR – A  MÁTRIA
1.                  Liberdade é tomar atitude
2.                  Fazer algo por seu país
3.                  Decadência Manifesta
4.                  Exemplo de trabalho e honradez
5.                  Pensar Grande

 3ª PARTE
PORTUGAL - NOVA TERRA PROMETIDA?
V
UM PAÍS MUITO ESPECIAL
1.                  Portugal, obra dos Templários
2.                  O luso-tropicalismo
3.                  Ingrata pátria
4.                  Benefícios da colonização - O novo cardápio da Europa
VI
UM PAÍS ATURDIDO
DECADÊNCIA  OU  REVITALIZAÇÃO
1.                  A descolonização
2.                  A nação real
3.                Complexo de culpa artificial
4.                Construir o futuro
5.                Auto-estima
6.                Portugal visto do Brasil
7.                PS.SP é uma nova luz que surge
8.                  Pátria da onisciência”
 4ª PARTE
NAÇÃO SEMPRE EM CONSTRUÇÃO
VII
PRIMEIRO SOCIALISMO DEMOCRÁTICO
1.                  Aurora do socialismo em Portugal – Antero de Quental
2.                  A cosmovisão de Antero de Quental
VIII
LUZES E SOMBRAS EM PORTUGAL
1.                  Sentir a alma do País
2.                  História repartida em memoriais
3.                  Monumentos como lições de civismo
4.                  Sentindo a força da natureza – Força do Povo

IX
PORTUGAL NA DINÂMICA DO MUNDO
1.                  A mudança como condição vital
2.                  Mundo em Construção
3.                  Política e futebol

 5ª PARTE
A ARTE DE GOVERNAR
X
SOCIALIZAÇÃO DOS BENS IMATERIAIS
ARTE DA POLÍTICA NAS SOCIEDADES COMPLEXAS
1.                  Política como ciência e arte
2.                  Gestor como guardião da liberdade
3.                  Divergir é compartilhar
XI
A ESSÊNCIA DA POLÍTICA
A)               SERVIR AO SEU POVO
1.                  Política como doação e não como negociata
B)                PLURIPARTIDARISMO
2.                  A diversidade desperta o interesse
3.                  O povo no poder?

 6ª PARTE
PLURALISMO DEMOCRÁTICO
XII
SOCIALISMO DEMOCRÁTICO - DESAFIOS E DESMANDOS
1.                  O povo no poder?
2.                  Socialismo Democrático um sistema plural
3.                  Por um mundo multipolar
XIII
O PLURALISMO DEMOCRÁTICO
1.                  O multipartidarismo
2.                  Olhar e ouvir o outro lado
3.                  O “Velho do Restelo” no contraponto
4.                  Princípios que regem o Socialismo Democrático
 7ª PARTE
PACTO DEMOCRÁTICO
XIII
DESAFIOS DO PODER: NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA
1.                  A teoria na prática é outra
2.                  Teste de Viabilidade dos Partidos no Poder
3.                  Por um Pacto Político


POLÍTICA E CIDADANIA

FAZER POLÍTICA NO MUNDO PORTUGUÊS E
LUSO-BRASILEIRO

Conhece-te e ti mesmo
e dominarás o universo
(Sócrates, filósofo grego)

PROGRAMA: FORMAÇÃO DE QUADROS DE LIDRANÇAS POLÍTICAS.
1ª PARTE
DEMOCRACIA, ESPAÇO DE LIBERDADE
I
UM ESPAÇO DE DEBATE REVITALIZANTE
1.     Apresentação e perspectivas
A nova diretoria do PS de São Paulo, filiado ao PS de Portugal, solicitou-me que dirija algumas palavras aos membros do partido e à comunidade luso-brasileira de São Paulo.
Acedi prontamente como quem atende a mais uma missão.
Atualmente dedico-me ao debate, produção de idéias e formação de lideranças sociais e ao empreendedorismo. Concentro forças também no Pacto Mundial e na idéia Motriz da Macrópolis.
Falarei sobre Política e Cidadania, com destaque para o Pluralismo Democrático.

2.     Abertura de um espaço de diálogo institucional
Como parte desta missão social, a que me dedico, há mais de 40 (quarenta) anos, estou aqui para falar de Formação Política, com P maiúsculo.
Abordarei diversos tópicos; alguns em tom provocativo. Ao final da exposição abriremos os debates para que todos possam participar, num diálogo democrático, e compartilhar, com todos, os seus conhecimentos e sua experiência nas lides sócio-políticas, em Portugal, abordando os pontos positivos e os pontos fracos, a melhorar.
Posiciono-me crítica e respeitosamente, com lealdade à nação, em perspectiva positiva, como convém a um intelectual livre e atuante.
Tentarei lançar mão da força e equidade dos argumentos e não da força da voz. Tentarei esclarecer por idéias, sabendo que são idéias e não as "armas" que movem o mundo...
  
3.     Onde estamos?
Considero esta iniciativa do PS muito bem vinda, pelo fato de que uma parte dos quadros políticos de Portugal, pré 25 de abril, viveu em São Paulo.
Além do mais, São Paulo é, de longe, a maior cidade lusófona do mundo; é uma mega-metrópole, com quase 20.000.000 de habitantes. São Paulo é o maior centro de produção e de consumo da América do Sul. Poderíamos dizer que é a “capital” econômica do Brasil.
4.     São Paulo - Portal dos Bandeirantes
Acima de tudo, São Paulo foi marcada na história como um imenso espaço de liberdade. Era uma região protegida pelas imensas muralhas da Serra do Mar. Até ao século XVIII, São Paulo era a Pátria da Liberdade. Governava-se a si mesma. A Câmara Municipal era o Poder maior. Quem mandava era o povo, porque a câmara de fato era a voz do povo. E sabia mandar muito bem, como provam os resultados. São Paulo foi o “oásis da liberdade”. Por isso os Bandeirantes puderam agir livremente e alavancar o país. Aqui nem a Inquisição conseguiu interferir. O lema de são Paulo traduz sua essência: “Non ducor, duco”.
       São Paulo, por ser livre, é um grande baluarte da liberdade com responsabilidade, tornou-se o grande PORTAL DOS BANDEIRANTES que, na grande marcha para o Oeste, abriram a grande fase do desenvolvimento do Brasil, criando centenas de Vilas e Cidades, pelo Brasil a dentro.
5.     A Consciência Política
Faço votos que a diretoria recém eleita do PS de São Paulo ajude mais a comunidade portuguesa e luso-brasileira a se interessar pelas questões da vida política de Portugal.
Nossa comunidade é um tanto quanto alheia, nesta perspectiva. Acredito que levou muitos revezes, através dos anos, e se retraiu.
 Outros países agitam seus cidadãos, moradores de São Paulo, mais do que Portugal. Precisamos revitalizar nosso quadros associativos, dando espaço à juventude responsável e consciente.
Urge que os políticos de Portugal dêem maior valor a São Paulo. Enfim, que aqui haja disputa de posicionamentos políticos, em relação a Portugal. Que outros partidos se organizem e disputem espaço. A disputa leal e aberta dará mais vida à nossa comunidade. O debate entre gente de respeito, é sempre sadio e estimulante. Ajuda a convivência. Sociedade sem debate vira pasmaceira...
Portugal de “25 de abril” ainda não acertou o passo com a nação. Quis interferir de fora e não de dentro, mantendo-se quase como algo estranho, alheio... Quase uma intervenção alienígena...Talvez esteja na hora do 26 de Abril...
             II - DIÁLOGO EM CONSTRUÇÃO                 
1.     Ver e ouvir o povo
A disputa chama mais a atenção de todos.
Num mundo plural, é sadio e estimulante a disputa de partidos que atendam às posições de cada um. O Povo precisa de opções.
Nunca tenhamos medo de ouvir o povo. Ele tem muito a nos ensinar, se for esclarecido. Mas não podemos simular ou mascarar o "povo"...Este trabalho deveria contar com o apoio do Consulado, em São Paulo e da Embaixada de Brasília.
Os portugueses e luso-brasileiros do Brasil, certamente podem ajudar sua pátria portuguesa, ou a pátria de seus ancestrais. Mas precisa ser promovida a formação sócio-política dessa gente para que faça Política com P maiúsculo, e não a velha política do compadrio.
A abertura do diálogo evita que sejam sempre os mesmos a “dialogar”, num espaço fechado, julgando-se “multidão” e "voz do povo"... (?!). Nesta “política” fechada sempre se arranja um motim para depois distribuir os  despojos    entre   os   amigos   comparsas. Essa era
acabou (?!).
Vivemos num momento de crise moral, de valores mascarados. Em Política, diz-se o que as pessoas gostam de ouvir e faz-se o que se quer, para tirar vantagem. Enquanto isso, distrai-se o povo com palavras "confiáveis".
Vivemos um momento de muito cinismo e ironia. O povo vai percebendo as "regras do jogo", e responde com ironia...
Por isto são de saudar iniciativas como esta que aqui testemunhamos, do PS de São Paulo.
2.     Perspectivas da palestra
Considero esta palestra como abertura de um espaço de diálogo  e debate político. Falamos de idéias e não de dogmas...
Estou aqui para lhes oferecer uma mensagem lusófona, mas intencionalmente inacabada. Pouco a ver com as capelas inacabadas do Mosteiro da Batalha, que é um espaço belíssimo e de muita arte.
É sim um espaço inacabado, pois espero que, na segunda parte se abra um diálogo franco, em que todos participem, compartilhando suas experiências, que são muitas. Muitos portugueses de São Paulo são verdadeiras Enciclopédias vivas e ambulantes: Têm muito a dizer e a compartilhar.
Minha intenção é passar rapidamente por muitos temas, sem fechar o assunto. O mais importante aqui é abrir um espaço de diálogo leal e sincero em torno das políticas de nosso Portugal. Queremos perguntar e buscar respostas...
Talvez haja, nesta aula, o levantamento de algumas provocações, para que o diálogo se implante, confiante e produtivo...
Em políticas, tudo é muito complexo, amarrado em condições favoráveis ou adversas.
Quando as pessoas se sentem acuadas, apelam para a “teoria da conspiração”, para justificar atitudes antidemocráticas, oportunistas e inaceitáveis. Ao povo, muitas vezes, resta perplexidade...
Neste momento queremos falar das forças matriciais e motriciais que movem e constroem o Portugal de sempre, que vai sendo soterrado na avalanche da integração abrupta na UE, sem que alguém tenha tido o cuidado de preservar os valores constitutivos da identidade nacional. Esqueceram que Portugal tem uma identidade muito especial que merece profundo respeito.
Não dá para ser um bom e competente europeu, sem ser, antes,  um bom e competente português.
3.     O intelectual e o político
Ao intelectual cabe interpretar a sociedade; ao político cabe a gestão do bem público, o cuidado da Pólis - da cidade, da sociedade... o intelectual convida a pensar a ser consciente e mostra caminhos.
         Estou aqui como intelectual, provocando aqui e ali os brios dos políticos, alguns ainda neófitos que se iniciam nas artimanhas emaranhadas de nossa política, dentro de uma grande agremiação que é o PS, que também precisa se reencontrar...
        Nossa base de apreensão do intelectual é conceitual. Neste nível, ao intelectual nada é proibido, desde que busque a equidade e o bem maior da nação como um todo. Vale também a posição do grande filósofo e humanista romano: "Tudo o que é humano me diz respeito". Cooperamos na formação da consciência humana e política das pessoas, mas não fazemos política partidária. Isso cabe ao partido.
        Cada um precisa se perguntar: De que lado estou eu? Outros, insistirão: Quais as opções? Que motivos me movem para optar?
        O importante é que cada um saiba que cada pessoa pode fazer a diferença, no futuro e no presente de su país e de seu povo.
  
2ª PARTE
ALICERCES DA CIDADANIA

III
FORMAÇÃO SÓCIO-POLÍTICA
FORMAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

1.    Cidadania Participativa
Devemos formar as pessoas para uma cidadania consciente e participativa.
As pessoas precisam saber o que as ajuda e o que as prejudica ou atrapalha.
Neste mundo desconcertado, de que fala Camões (ver poema, em anexo), não podemos mais viver alienados para não sermos joguete dos meios de comunicação.
         Precisamos saber e ser competentes para optar. Esta necessidade desconhecimento aplica-se a toda a nossa vida: desde alimentação, do trabalho, do lazer,  até às opções político-partidárias.
         A consciência pessoal e política evita a decisão de cabresto e garante o respeito à vida
O país se faz com gente consciente, competente, livre, responsável e atuante.
Precisamos saber o que é Liberdade.
Não, liberdade não é poder consumir o que a propaganda nos impõem ou pensar o que os “donos” do poder estabelecem como mais favorável aos seus intentos.
Liberdade é sobretudo  um estado de alma, onde a pessoa, adequadamente esclarecida e sem pressões ou ameaças ideológicas ou políticas opta pelas idéias em que se sente, ela mesma.
Livre é a pessoa consciente e competente que pode cultivar os próprios talentos e potencialidades e compartilhá-los socialmente, na busca do bem-estar, interior e exterior, num “espaço”, onde os outros também são livres.
Liberdade é vida compartilhada sem intervenções incômodas, que nos “algemam”.
Liberdade não é uma palavra fria, ritual e embalsamada de político, sociólogo, ou filósofo; é uma palavra com o calor da vida é a própria vida.

2.     Política com ou contra a nação
A economia é para as pessoas e não as pessoas para a economia.
Assim também a política e a democracia são para as pessoas e não as pessoas para a política e a democracia.
Já dizia Antônio Vieira, o nosso maior orador de todos os tempos:
Os políticos não vêm cuidar do bem do povo;
Eles vêm  buscar os bens do povo”
Paradoxalmente, muitos países conquistaram a democracia e guindaram ao poder, para representar o povo, homens que prometiam cuidar do bem comum. E o que vemos em toda a parte?
Políticos eleitos que já se elegem com intenção de se apoderar dos bens do país, os bens comuns.Com honrosas exceções, parece ser esta a realidade de muitos países que bem conhecemos.
Infelizmente, parece não ser diferente no nosso Portugal Democrático.
O povo, vendo o descalabro moral que reina no país, vai se desiludindo, impotente e frustrado...
        Falta-nos alguém, com a moral e poder da palavra que tinha Rui Barbosa, em 1914, para bradar do alto da Assembléia da República e por toda a parte, denunciando desmandos e falcatruas.
Lembro apenas um fato:
      Rui Barbosa foi crítico da monarquia brasileira e atacou os “desmandos” das políticas do Império. O Imperador, D. Pedro II, foi um homem austero, de alto prestígio em toda a  nação.
      Rui ajudou a derrubar o Império e  a implantar a República. Os desmandos continuaram se agravando a tal ponto que Rui fazia as mais veementes denúncias da tribuna do Senado. Dele  é o conhecido texto, que cito. Ele continua válido, nos dias de hoje:
“De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto”
Enfim, o triunfo das nulidades e da injustiça implanta a vergonha e o caos social...É sempre assim.

A frase citada é uma frase de placa. Merece ser escrita em letras de ouro, porque é a verdade que não se pode ocultar.

3.                Bases da democracia
Senhoras e senhores,
Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo.

Mas o povo precisa saber disso, caso contrário é manipulado por promessas vãs e enganosas.
         Alguns entendem, na prática, que a Democracia é o governo dos políticos, pelos políticos e para os políticos (?!).
         O povo precisa saber o que é independência e o que é soberania. Precisa saber o que é democracia. Precisa saber o que é dignidade humana, a dignidade do trabalho e a honra de criar uma família sadia, em termos físicos, sociais e morais.
      O povo precisa saber, por experiência, o que é a honestidade, o que é a justiça, o que é o altruísmo.
O povo precisa de melhor educação, de melhores escolas, de melhores professores, de melhores políticos e de melhores governos.
Os Políticos precisam cumprir a sua missão específica: cuidar do bem do povo e não barganhar o bem público nos projetos governamentais.

4.    A educação é a coluna mestra da democracia
A educação séria, competente e responsável é a base de tudo: do desenvolvimento, da prosperidade, da família e do bem-estar social, com qualidade de vida. É também a base do Estado. Um povo bem educado e com discernimento elege políticos melhores, mais conscientes, éticos e responsáveis.
Só com melhor educação, serão sanadas as causas da avalanche de denúncias que pairam sobre os nossos políticos e sobre nossos governos.
Uma educação sólida  e séria que eduque o homem total, com professores de visão holística, consciente e lúcida, é a coluna mestra da Democracia participativa.

IV
A PÁTRIA COMO BEM MAIOR – A MÁTRIA

1.     Liberdade é tomar atitude
Dou aqui alguns parâmetros que  caracteriza o povo educado para a cidadania:
- Um povo bem educado, respeita e faz respeitado o seu país.
- Não deixa sucatear suas indústrias e seus empreendedores.
- Não deixa sucatear sua educação e sua cultura. Não deixa sucatear sua política.
- Não deixa sucatear suas terras agricultáveis, sua produção agrícola, sua pesca.
- Não deixa sucatear e poluir o meio ambiente, a terra, o ar e as águas.
- Não deixa o povo no ócio, desocupado, desempregado, sem ter o que fazer, sem ter para onde correr, nem a quem apelar.
 Na contramão do desenvolvimento posicionou-se a Indonésia, ao invadir o Timor Leste: garantiu a vida e educação do povo e o diploma no final do curso. Ninguém precisava fazer nada, nem estudar. Mas todos sabiam que o diploma sem conhecimentos não valia nada. Seria ilusão. Sabia que a ociosidade seria a morte do Timor, e sua subjugação. Então o povo de revoltou. Queria cuidar do próprio destino. Queria trabalhar e estudar.
A Indonésia queimou então casas e escolas. Mas o povo conquistou a honra de ser um povo livre e não gente inútil, parasita, incapaz, dependente...
 Os timorenses não queriam o peixe em casa. Queriam pescá-lo para serem livres.
Grande lição! Será que o mundo fez a lição de casa?!

2.     Fazer algo por seu país
John Kennedy, no seu discurso de posse, como presidente dos Estados Unidos, proclamou, como um solene desafio à nação:
Não perguntem o que o Governo pode fazer por vocês. Perguntem antes o que cada um pode fazer por seu país
Esta é outra grande lição:
Veja o que você pode fazer pelo seu país.
 Nosso povo delega tudo ao governo que cobra impostos, e não se sente obrigado a fazer nada por seu país. De um lado implanta-se o paternalismo e de outro a dependência irresponsável, que sabe quem vai acusar, sem fazer a sua parte.
Quando não se cobravam tantos impostos, o povo era mais livre para resolver seus problemas. Hoje é dependente para quase tudo.
 O que nós podemos fazer por nosso país?
Pelo Brasil, nosso segundo país, em ordem cronológica, fazemos muito.
Aqui estudamos, aqui trabalhamos e aqui criamos nossos filhos para continuarem amando e trabalhando pelo Brasil, criando a própria prosperidade e bem-estar. Quem cresce faz crescer o país. O português, onde está, é fator de desenvolvimento. É o seu natural. É a sua índole. É a sua missão.
Isso é o que o Português sabe fazer muito bem, nos quatro cantos do mundo, com raras exceções...
Por isso é reconhecido e honrado, por toda a parte.
O português espalhou hospitais, as santas Casas, por todo o mundo. Medicina de  primeira. A todos atendiam. Não cobravam nada de ninguém e a ninguém discriminavam... Os portugueses cotizavam e financiavam o hospital. Era assim até 60 anos atrás. Há milhares de exemplos não menos eloquentes. Era o atender prazeroso às Obras de Misericórdia; era o povo solidário na prática diária.
Não sei se as novas gerações mantêm esse caráter, esta necessidade de ser útil.

3.     Decadência Manifesta
Parece que, em Portugal, alguns portugueses estão desaprendendo o quanto é honrado o trabalho... Quanto são engrandecedores os valores imateriais da cultura, da verdade, da responsabilidade, da dedicação aos outros, da solidariedade.
Enfim, dos grandes valores que os portugueses levaram por todo o mundo, muitos estão desaprendendo, principalmente entre os nossos políticos.
Muitos acharam na política um meio de se locupletarem. E há quem ache isto normal (?!)
 Há muito mau-caráter na praça, aproveitando a vacância das leis abolidas. Lembremo-nos: "Quando se muda uma lei, todas as outras podem se mudar". Pode ser o princípio do caos.
4.     Exemplo de trabalho e honradez
Entretanto, senhores, a política é arte do bem comum. E eu diria que alguns fizeram da política um covil de ladrões, desonrando o seu povo e o seu país.
Certo, certo! Isto não é só em Portugal. É verdade. Mas o fato de haverem outros políticos corruptos, em outros países, o fato de ser uma doença mundial, em nada nos consola. Não resolve nosso problema.
Há melhores exemplos a seguir, inclusive em Portugal, mas por que seguiríamos os piores exemplos?!
Se isto for romantismo, então Portugal foi sempre um país romântico.
Mas não. Não foi. Foi um país muito prático e muito humano. Fez o que precisava ser feito.
Talvez os portugueses do Brasil possam levar alguma colaboração a Portugal, neste sentido e em outros.
A maioria dos portugueses aqui se fez (fez a América) com trabalho duro, competente, dedicado e constante, trabalhando, às vezes,  de sol a sol. E venceu. Venceu porque se dedicou.
Idiotice?! Não. É questão de honra e orgulho de participar sem regatear.
   5.     Pensar Grande
            A ousadia sempre foi a grande marca dos portugueses, através da história e nos quatro cantos do mundo. Qualquer que seja o Governo que assuma o poder, não pode desonrar a nossa história, construída com sangue, honra, competência e dedicação.
            Foi com muita honra e ousadia que os portugueses levaram avante a grande, épica e penosa aventura dos Descobrimentos; foi com honra e competência que os portugueses mantiveram a soberania nacional, através dos séculos enfrentando forças muito superiores em armamentos, que quiseram  dominá-lo. Os portugueses foram maiores em competência  e honra, por isso venceram.
Foi com muita honra, muita persistência, muita competência e muita generosidade que os portugueses fizeram este país continental, multirracial.
Devêmo-nos espelhar sempre neste grande poema de Fernando Pessoa:
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
que o mar unisse, já não se parasse.
Sagrou-te e forte desvendando a espuma.
E a orla marítima foi de ilha em continente,
clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo”
Este é um texto épico grandioso. Fernando Pessoa só pode ter chegado a sua elaboração num momento da mais alta inspiração.
Este poema merece ser gravado em placa de granito e escrito em letras de ouro. É o que chamaríamos “POEMA DE PLACA”. É um poema para ser lido e meditado por pessoas que não abdicaram do dever de pensar e que não se comprazem no meio da mediocridade. É um texto para quem sabe que nasceu para a grandeza, e que a grandeza está dentro dele e não fora.

3ª PARTE
PORTUGAL - NOVA TERRA PROMETIDA?
V
UM PAÍS MUITO ESPECIAL

1.     Portugal, obra dos Templários
Portugal, desde o seu nascedouro, em 1.140, com D. Afonso Henriques, é um país muito especial. Foi criado pelos Templários, que foi, por quase três séculos, a maior organização do Ocidente. Foi sempre um genial projeto templário. Após a extinção dos Templários, por triste jogada política, do rei da França, sucedeu à Ordem do Templo, a Ordem de Cristo, criada por D. Dinis, já no século XIV.
A grande epopéia dos descobrimentos foi também um grande projeto templário, arquitetado pelo grande Infante D. Henrique, filho de D. João I, Mestre de AVIS. O Cérebro dos descobrimentos concentrava-se no Convento de Cristo, em Tomar, a Central dos Templários, depois chamados Ordem de Cristo.
As Caravelas dos Descobrimentos ostentavam claramente sua ideologia: o logotipo da  Ordem de Cristo/Templários.
Os Governadores do Brasil, por alguns séculos, eram Cavaleiros da Ordem de Cristo/Templários.

2.     O luso-tropicalismo
Aqui, no Brasil, os portugueses quiseram fazer uma nova civilização, no Novo Mundo.
Em pleno Rio Amazonas, no séc. XVII, Vieira sonhou o sonho do 5º Império de Cristo, também chamado Império do Espírito Santo.
Grandes autores, como Gilberto Freire, decantaram a grande obra da Civilização Portuguesa nos Trópicos – o Luso-Tropicalismo – a que ele chamou “O mundo que o português criou”. Para Gilberto Freire a obra dos portugueses no Brasil foi uma obra de gênio.
 O povo português sempre foi um povo de profunda sabedoria. Esta é a virtude máxima que se aprende na vida.

3.     Ingrata pátria
Apesar da magnitude e qualidade da obra dos portugueses pelo mundo;  apesar de todas as milhares de pessoas que deram a vida pela grande obra, muitos, em Portugal, nos últimos 35 anos, orquestrados por outras potências que sempre cobiçaram a grande obra civilizadora de Portugal, e até a combateram, hoje semeiam, em nossas hostes, e em nosso povo,  sementes da discórdia e ressentimentos.
Maldizem a grande aventura dos Descobrimentos,  e a difusão da nossa cultura, que é um dos maiores galardões de Portugal no Mundo, com mais de 600 anos de história. Já foi assim ao tempo de D. João II.
Os “Velhos do Restelo” já estavam na ativa, criando obstáculos...
A arrogância de alguns, ditos revolucionários , parece que  quiseram zerar o passado. Começaram do nada e desestruturaram o país...
Houve, sim, muitas atitudes deploráveis na tarefa dos descobrimentos e no convívio com os povos colonizados. No entanto, o saldo, para a civilização foi altamente positivo.
A colonização contou também com algumas pessoas de moral precária. Assim é em toda a ação humana.  Não há seara sem alguns pés de cizânia, por deplorável que seja...
No entanto, não podemos matar a águia só porque algum piolho se aninhou em suas asas.
O costume de outros povos é escrever em granito os seus grandes feitos. A pequenez é relegada a rodapés de apêndice das obras para que sirva de lição. Alguns portugueses invertem a equação... Por quê e Para quê?

4.     Benefícios da Colonização
O novo cardápio na Europa - Globalização
Não podemos esquecer, por exemplo, para dar apenas um exemplo, que os descobrimentos sanaram a fome da Europa, a qual, sem este empreendimento, não resistiria à fome:
Verifiquemos quais são os alimentos básicos da Europa, hoje:
O milho, a batata, o arroz, o feijão, o açúcar, etc, etc. Donde vieram  as mudas e sementes dessas plantas? Dos países descobertos, no século XV e XVI.
As plantas européias e os animais de carga também viajaram nas caravelas e se transplantaram e multiplicaram por todo o globo.
Com o Brasil  e com toda a América do sul, e do Norte, da África e do Oriente, do Japão  e da China, os Portugueses trocaram plantas frutíferas e ornamentais. A primeira globalização acontecia ali.
De toda a parte recebemos a riqueza de novas plantas e por toda a parte levamos as nossas plantas.
Levamos também a nossa cultura e os nossos costumes e aprendemos a cultura e os costumes de outros povos.
 Os jesuítas tinham em diversas regiões, viveiros de plantas em aclimatação, para fornecerem ao povo. Na Bahia, por exemplo, o viveiro experimental, era na Quinta do Tanque, na periferia de Salvador.
Assim, a primeira globalização foi plenamente democrática: uma troca de benefícios.
Globalização da cultura, do sistema alimentar, da economia e das pessoas, através da miscigenação.
Foi enciclopédica a obra da civilização portuguesa no mundo. Lógico que nela há ações a deplorar, como fez o “Velho do Restelo”. Mas há muito mais ações grandiosas a decantar, como fez Camões e muitos mais.